sábado, setembro 13, 2008

Sou Um Ateu Quando...

Sou um ateu quando se trata do deus violento da jihad
Sou um ateu quando se trata do senhor que converte pela espada
Sou um ateu quando se torna missão de políticos usar a religião como munição
Eu creio em Você, o artista das árvores e das galáxias
Eu creio em Você, o poeta dos oceanos, rios e córregos
Eu creio em Você, no Deus de compaixão que nos chama para a ação
Eu creio em Você
Eu não posso crer no que eles crêem, mas eu creio em Você
Eu creio em Você, o majestoso arquiteto do espaço e do tempo
Eu creio em Você, o compositor da beleza e da música da vida
Eu creio em Você, o santo perdoador extravagante e reconciliador
Eu creio em Você
Sou um ateu dos deuses da ganância que ignoram os necessitados
Sou um ateu dos deuses que levam os outros à tortura e ao sofrimento
Sou um ateu quando se aceita a visão dos poucos escolhidos, que julgam e condenam quem deles é diferente
Eu creio em Você, poderoso, manso e gentil em poder
Eu creio em Você, a palavra falada com boas notícias ao quebrado
Eu creio em Você, o mistério transcedente, conosco na história
Eu creio em Você

Brian McLaren e Aron Strumpel

Amor e Controle

Desde sempre nossa maneira de “amar” esta impregnada pela idéia de “controlar”. Nosso amor é possessivo. Declaramos “meu marido”, “minha esposa”, “meus filhos”, etc. Nosso sentido de amar é quase sinônimo de “possuir”. E assim, aquilo que entendemos como a dinâmica do amar termina por sufocar a experiência que mais poderia nos aproximar da semelhança com o criador: amar libertando.
Sei que neste momento da leitura os “possuidores de plantão” já estão com a mente repleta de argumentos: “mas quem ama cuida, protege, responsabiliza-se, é zeloso, etc.” É, eu sei disto tudo e concordo, em parte. Existe um limite saudável entre possuir e cuidar, difícil de encontrar, mas não impossível. Trata-se de saber cuidar sem manipular, exortar sem querer provocar culpa, relacionar-se sem misturar-se. Falo do amor maduro.
Sofremos demasiadamente em nossas relações afetivas porque nos misturamos com o alvo de nosso bem querer. Só ficamos “bem” quando o outro está bem. A identidade confunde-se e o projeto de vida de um fica dependente do outro. O resultado é sofrimento e uma forma de amar que em nada se parece com o amor divino.
Deus é ser pessoal e infinitamente perfeito em Sua forma de nos amar. Mas Ele nos criou livres e assim relaciona-se conosco. Sua intenção de levar-nos à perfeita maturidade, passa necessariamente por deixar-nos assumir as conseqüências de nossas decisões. Ninguém cresce fora da decisão. Isto não é abandono, mas condução ao viver responsável. Não se trata de frieza, mas de sabedoria em educar. Ele não é frio em Seu amor, mas sim comprometido em resgatar a pessoa inteira, indivíduo e indivisível que manifestou-se em plenitude na maneira de Cristo Jesus viver: o ser humano mais maduro em amor que pisou neste planeta.
Ou amamos ou possuímos. Quando nossa forma de amar o outro implica na anulação de sua individualidade entramos no que tem sido chamado de co-dependência, também chamada de relação simbiótica. O verdadeiro amor liberta. Incentiva o outro a se tornar tudo o que nasceu para ser. Permite que o outro seja “outro”, e não tenha que viver para atender todas as suas expectativas.
Colocar limites e proteger o relacionamento nada tem a ver com aprisionar o outro nos grilhões de nosso amor. “O amor lança fora o medo”. Neste sentido, amar é também um genuíno ato de fé. Só ama assim aquele que confia em Deus. Não um Deus que levará o outro a fazer tudo o que queremos e conforme desejamos. Mas um Deus-amigo que estará sempre ao meu lado aja o que houver. Ao amar assim, permitindo que o outro tenha espaço para ser ele mesmo, aceitando as discordâncias possíveis sem retaliação, o ser humano torna-se extensão do amor de Deus na vida do outro.
É verdade que amar assim é sempre arriscado. Mas entenda: amar de qualquer forma é sempre arriscado! Não há promessas, pois o outro é sempre livre, e no fim, fará sempre o que decidir. A diferença em não misturar amor com posse é que não estaremos enganando a nós mesmos com a pretensão de que “temos tudo sob o controle” de nosso amor.
Só Deus sabe todas as coisas: passado, presente e futuro. Ele já está lá na frente em Seu amor providente. Ele e somente Ele pode cuidar em todos os momentos dos nossos queridos, e tentar fazer o papel dEle é o caminho certo para a depressão e a destruição da relação de respeito com os outros.
Amemos com fé! Saibamos reconhecer nossos limites! Livremo-nos do “controle” que se utiliza sempre das ferramentas da “culpa, sedução ou ameaça” para conduzir o outro na relação conosco. Deixemos os outros partirem emocional, física e intelectualmente para longe de nós. Como o Pai da parábola que não impediu o “filho pródigo de partir”, mas com o coração cheio de fé ficou esperando na porteira, lubrificando-a com suas lágrimas e orando baixinho Àquele que tudo pode. Afinal, como nos ensinou o “filho mais velho”, permanecer por perto (em casa) fazendo a vontade do Pai não é garantia de relacionamento honesto e comunhão real.

Competência e Caráter

Virou moda no discurso de nossos políticos o termo “choque administrativo”, que significa uma série de medidas organizacionais visando um melhor funcionamento do aparelho público, ou seja, mais resultados com menos gastos. Concordo, mas também entendo que necessitamos urgentemente de políticos dispostos a empreenderem um choque ético ou moral na vida pública de nossa nação.
Nosso problema fundamental não é a incompetência, fruto de mal preparo ou desconhecimento teórico. É claro que esta questão também existe, mas afirmo: não é nosso principal problema! Vivemos uma época de analfabetismo moral! Nossos problemas não estão na defasagem do raciocínio, mas sim do caráter e dos valores fundamentais que deveriam ornar a conduta de cada cidadão. O conhecimento moral está desaparecendo!
É claro, moralismo é algo indesejável. Um mero “kit” de regras e proibições fomentará ainda mais o comportamento contrário. Não precisamos de “ditadores” morais, mas de homens públicos que sejam “educadores de valores” por meio da conduta pública e particular.
No próximo mês elegeremos homens e mulheres para cargos da vida pública municipal. Urge compreendermos que a competência administrativa é apenas um dos quesitos que deveriam levar nosso dedinho a apertar “CONFIRMA” na urna eletrônica. Projeto político é importante conhecer sim, mas o projeto pessoal de vida também. “Quem é o candidato?; Como lida com sua família? O que as pessoas mais próximas dele dizem?” São questões também fundamentais para escolhermos nossos candidatos. Pelo menos deveria.
Sócrates, filósofo grego, afirmou: “Todas as instituições humanas, de ensino, da política, do estado, etc., são ramos da ética, pois todas têm alguma coisa a ver com a atuação do homem dentro da sociedade”. Isso é sério e verdadeiro. Nossos filhos não são formados moralmente apenas pelas instituições nas quais estão diretamente inseridos (escola, igreja, etc.). Há um contexto maior de instituições que também moldam o caráter de nossos jovens (estado, município, agremiações esportivas, etc.).
Oxalá, neste 7 de setembro estejamos levantando um clamor aos céus pela vida moral de nossa nação. A Bíblia diz que “todo aquele que comete pecado é escravo do pecado”. Que a independência de nossa nação não seja meramente política, mas que também possamos ver levantarem-se na vida pública de nossa nação homens honrados, com decência moral, respeitados por sua família e por todos de seu convívio íntimo. Afinal, governará bem um povo aquele que nem a própria família e amigos respeitam?