segunda-feira, dezembro 31, 2007

Irmandade De Emaús

Há alguns meses atrás, por meio do meu amigo Pr.Ronaldo Perini (meio pastor meio monge...), fui apresentado e introduzido num grupo de homens chamado "Irmandade de Emaús", dirigido pelo Pr.Osmar Ludovico.
O propósito do grupo é pastoreio mútuo. Com a frequência de 1 encontro por mês e de um retiro por ano, que acontece no Mosteiro Beneditino de Vinhedo - SP, o grupo pratica lectio divina, momentos de silêncio e acima de tudo é uma "fraternidade".
Sempre procurei um grupo assim. Desde minhas leituras nos últimos anos (Henry Nouwen, Thomas Merton, Ken Gire, Larry Crabb, Eugene Peterson, James Houston, Phillip Yancey, etc...), desenvolvi a convicção de que nenhum cristão deve caminhar sozinho. É perigoso. Apesar de cristãos, somos humanos, frágeis e não estamos completamente inteiros: nosso mundo interior ainda não possui uma porta aberta e um caminho pavimentado para nosso mundo exterior, nossa aparência e o que os outros vêem. Assim vivemos perigosamente fragmentados: "um" é aquele que os outros vêem; e "outro" é aquele que realmente sou (que inclusive, desconheço...). "Um" é o que dizem de mim e "outro" é o que sei de mim.
Não nos enxergamos bem. Vestimos máscaras que são nossas estratégias de sobrevivência e com o tempo acabamos acreditando nelas e enganando a nós mesmos. Tornamo-nos uma "verdadeira farsa". Tentamos ser tudo para todos. Acreditamos na possibilidade de "conquistar" o amor e a admiração alheios por meio de nossos méritos pessoais. Descremos do amor incondicional. Temos medo de dizer quem somos. E assim saímos vida a fora, tentando ser o que não somos, enterrando nosso verdadeiro eu - que é o único que pode ser realmente amado - criando um "eu falso", que acaba por não agradar aos outros e nem a nós mesmos.
Num pequeno grupo como a Irmandade, sentimo-nos seguros para progressivamente encontrarmos nosso verdadeiro "eu", tirá-lo do quarto escuro, trazê-lo para luz e aprender a amá-lo como Deus o ama e tal qual ele é. O conhecimento de mim mesmo é fundamental para que possa conhecer a Deus de forma mais real e profunda, e não o "ídolo" que meu próprio coração, néscio de si mesmo, projeta sobre o ser de Deus.
Em minha primeira participação no grupo tive a sensação de ter "chegado em casa". O lar que sempre procurei, que até acreditava que existisse, mas que nunca imaginei merecer ser recebido, ter um lugar a mesa e receber o abraço fraterno.
Sinto que o grupo já está sendo divisor de águas em minha peregrinação espiritual. Me sinto mais forte depois de ter chegado ali e reconhecido que sou fraco. Estou mais encorajado a ser "eu mesmo" e tornar-me tudo quanto nasci para ser: "um pequeno Cristo".
Louvo a Deus pela Irmandade, pelo Osmar que 1 vez por mês "despenca" da Paraíba para estar conosco, por meu amigo Ronaldo com sua família linda e pela certeza que tem crescido em meu coração de que o Pai tem para mim "um futuro e uma esperança".
No próximo dia 07 de janeiro estarei indo com Ronaldo para Ponta Grossa visitar o Mosteiro da Ressurreição. Será certamente um tempo de refrigério espiritual, companherismo e crescimento no conhecimento e na graça do Senhor Jesus Cristo.
Quando voltar postarei as impressões.

Um comentário:

Maurício Ramaldes disse...

Filipe, identifiquei-me bastante com o seu texto. Pura verdade!
Fui pastor por 15 anos de uma igreja histórica e há dois meses entreguei minha credencial. Conheci recentemente o Osmar Ludovico e espero participar, quando puder, da irmandade de Emaús.
Um abraço,
Maurício.