terça-feira, agosto 04, 2009

Aprendendo a Dar de Si Mesmo

O que desejamos ensinar aos nossos filhos? Qual o legado que queremos lhes deixar como herança? Se fôssemos focar em quatro ou cinco valores que gostaríamos que fossem os pontos cardeais pelos quais eles pautariam a vida e a conduta, o que iríamos priorizar? Todo pai deseja que seu filho se pareça com ele.
Abraão, o pai da nação de Israel, ouviu de Deus que os israelitas deveriam aprender o Seu caminho (Gn.18:19), qual seja, “justiça” (tsedacá) e “juízo” (mishpá). O primeiro conceito (justiça distributiva, de distribuição) fala sobre compartilhar os bens que possuímos como forma de justiça, afinal, o que temos está em nossa posse, mas Deus é o proprietário. O segundo conceito (justiça retributiva, de retribuição) fala sobre julgar corretamente, usar a lei a favor do bem e punir os que fazem o mal para proteger os que andam na retidão.
Mas, “justiça e juízo” não perfazem a amplitude do caráter de Deus que Ele deseja ver imitado na vida de Seu povo. Deus é mais do que “um justo juiz”. O Deus da Bíblia é um Pai amoroso, cheio de ternas misericórdias pelo povo que se chama pelo Seu nome.
Por isso, em Oséias 2:19, dois outros termos são acrescentados no ‘currículo básico’ da formação espiritual dos ‘filhos de Deus’: “benignidade e misericórdia’. A Bíblia de Jerusalém traduz como ‘amor e ternura’. Os termos no hebraico são “chéssed e rachamim”. Estes dois termos vão além da justiça social que ‘doa coisas’, e também além do juízo por meio do qual julgamos justamente. “Chéssed e rachamim” tratam de dar de si mesmo. Envolve ir na direção do outro disposto a doar os bens mais preciosos que possuímos: “atenção e tempo”. Trata-se de conferir dignidade ao outro ofertando nossa própria pessoa através de atos de acolhimento, serviço e hospitalidade. É distribuir atos de bondade.
Quando o servo de Abraão sai para achar uma esposa para o filho da promessa, Isaque, ele entende que a moça que junto a fonte lhe servisse água, e ainda oferecesse aos seus camelos, tal moça seria a mulher certa para o filho do seu senhor, pois demonstraria ser bondosa (Gn.24). No momento em que Adão e Eva pecam, insurgindo-se contra Deus, eles percebem que estão nus e escondem-se com medo da ira divina. O Criador os procura arbusto por arbusto e lhes oferece peles de animais para que pudessem sentir-se mais confortáveis. Atos de amor e ternura. Resposta intencional do coração que ama diante daquele com que fez um pacto de fidelidade incondicional.
Justiça, juízo, benignidade e misericórdia. Se nos guiarmos enquanto indivíduos, famílias e comunidade por estes 4 pontos cardeais, não iremos nos desviar do caminho do Senhor. Mas, se permanecermos no esquema “economia-política-mercado-estado”, nosso caminhar na relação com o outro nunca irá além do obrigatório, conveniente e lucrativo, ou seja, seremos como a maioria dos que não conhecem a Deus, mas possuem o próprio ventre como ‘deus’.
Deus saiu do Seu conforto absoluto e veio em nossa direção. Sua entrega não foi apenas material, pois Ele deu a si mesmo de forma cabal. Suas misericórdias são para todos e Ele faz chover sobre bons e sobre maus. Isso nos fala do coração do Pai e nos entrega o Seu caráter: Ele é beatitude...o ser mais benfazejo do universo!!!
Quando Deus nos dá o privilégio de sermos chamados de Seus filhos, Sua expectativa é ver que, como filhos amados, somos Seus imitadores (Ef.5:1). E você, já tá a cara do Pai?

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