terça-feira, agosto 04, 2009

À Gosto de Deus

A expressão “à gosto de Deus” tornou-se o jargão usado para explicar a falta de definição em alguma área de nossas vidas. Exemplo: “e aí, já marcaram o casamento?”, e a resposta quando indefinida: “Ah, vai ser em agosto, à gosto de Deus...”, colocação que geralmente provoca sorrisos. Por vezes esta expressão tem o sabor de que ‘nada está acontecendo’, um sabor amargo na boca de quem o sente, e por isso, apressados, achamos sempre que temos que realizar mais alguma tarefa, conhecer mais uma pessoa, pois a ‘felicidade’ está sempre naquilo que ‘ainda irá acontecer’.
Estamos em agosto, digo o oitavo mês dos doze que compõem este ano que estamos vivendo, 2009. Passou rápido e assim vai a vida. Como disse Salomão ‘ela passa e nós voamos’. Isto caracteriza o tempo ‘cronos’ (tempo humano, contado pelo relógio...), sua fugacidade e impermanência. Quando pensamos que o temos, ele já se foi.
Vivemos no desespero do relógio. Queremos realizar projetos e estar com pessoas; traçamos planos e estabelecemos metas na esperança de estarmos aproveitando bem o tempo. Mas, como ‘cronos’ era também aquele ‘deus grego’ que devorava seus filhos, em muitos momentos somos engolidos pela sensação do despercício e da insignificância: “minha vida e sua realizações têm tido algum valor?”, perguntamo-nos.
A espiritualidade bíblica é um convite a vivermos num outro ritmo chamado ‘kairós’, ou seja, ‘o tempo aceitável de Deus’, o momento em que percebemos a ação de Deus em nossa história, salvando, perdoando, redimindo e estabelecendo Seu reino em meio às nossas atividades cotidianas. São aqueles instantes em que percebemos uma certa sincronicidade entre este mundo e o vindouro, e como Jacó dizemos: “este lugar é realmente a casa de Deus e eu não sabia”. Trata-se daqueles momentos em que, tal qual Maria, percebemos que o mais importante é nos quedarmos aos pés de Jesus ao invés de realizarmos qualquer outra atividade como ‘Marta’, que repleta do sentido de urgência do que tinha que ser realizado, perdeu toda a beleza daquele momento em que o Deus-encarnado visitava sua casa. Marta perdeu o assombro; acostumou-se com o sagrado. Tornou-se escrava do tempo!
Meu amado irmão (ã), minha prece é que o ‘mês de agosto’ seja o tempo aceitável de Deus em sua vida, mas este é o mesmo potencial dos meses que se passaram! Não precisamos, necessariamente, de nenhuma ‘grande’ realização ou acontecimento. Trata-se de percebermos a “Presença” conosco ‘aqui e agora’. Envolve mudança de ‘olhar’. Jesus disse: ‘Se teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luz’.
Abra os olhos da fé e veja! Há graça em abundância em cada circunstância e hora de sua vida. Para os gregos às horas eram ‘anjos’ e cada um trazia uma mensagem de Deus. Decida crer! Decida confiar! Decida obedecer! Decida regozijar-se! Este é o tempo aceitável de Deus para sua vida: ‘o mês de agosto’!!! E assim também será setembro, outubro, novembro...todos com gosto de Deus!!!

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